Amblíope José Gomes publica segundo livro

‘Nunca mais te vi’ é o título do mais recente livro de José Torres Gomes - um amblíope de Belinho, Esposende, que sempre sonhou ser escritor e que conseguiu realizar o seu sonho graças à ajuda das novas tecnologias informáticas. A obra vai ser apresentada ao público no próximo dia 19, às 15.30 horas, no auditório municipal.
Os dez por cento de visão que tem no olho esquerdo e os 30 por cento no direito não impedem de ter uma imaginação fértil e transportadora a outros mundos e realidades.
A prova disso mesmo é a grande capacidade com que José Torres Gomes escreve os seus livros - uma arma que está sempre pronta a ser utilizada.

Depois de ter escrito e publicado no ano passado ‘Os ossos também falam’ - que foi a sua primeira obra - o escritor acaba de publicar o segundo e tem já pronto na gaveta o terceiro.
As ‘estórias’ que José Torres Gomes tem para contar são muitas e não cessam de lhe fazer eco na mente, sobretudo depois de ter descoberto um software especialmente concebido para amblíopes - o JAWS - que lhe permite escrever ao computador com toda a facilidade.
O programa de escrita para amblíopes descobriu-o há algum tempo atrás, através da Associação de Cegos e Ambíopes de Portugal de Viana do Castelo - e desde então a sua vida mudou radicalmente.

‘Nunca mais te vi’

‘Nunca mais te vi’ conta a história de ‘Luzia’ - a personagem principal deste segundo romance de José Torres Gomes - que vai servir de criada para a casa de um casal abastado apenas com oito anos, ficando separada para sempre da sua família de origem.
“No fundo, este livro, apesar de ser uma ficção, de início ao fim, retrata a região do Minho no início do século XX, bem como a forma como as pessoas vivem nessa altura”, indica o autor, numa entrevista ao jornal ‘Correio do Minho’.

“Aliás, há certos lugares que existem ou que já existiram realmente, como por exemplo o santuário a que me refiro por várias vezes e a casa que foi dos meus avós - que foi demolida - mas a qual eu retrato ao mais ínfimo pormenor”, detalhou o escritor de Belinho.
Várias são as peripécias da vida pelas quais passa a personagem principal deste romance, marcado por assassinatos e violações, mas melhor sorte ditará o fim da história para ‘Luzia’.
“Através da personagem da ‘Luzia’, eu relato, também, o drama que as crianças viviam naquela época de extrema miséria”, destacou José Torres Gomes.

Rui Cardoso Martins refere no prefácio do romance, trata-se de um “minucioso fresco do passado (as primeiras décadas do século XX, com ecos camilianos e do presente), descrições detalhadas das casas, das cozinhas, do ambiente, por vezes lembrámo-nos das palavras de Torga sobre o Minho que, cito de memória, resumia como ‘muito verde, bom vinho e as mulheres mandam nos homens’”.
O livro vai ser apresentado pela vereadora da Cultura da Câmara de Viana, Maria José Guerreiro.

14-03-11 - Correio do Minho

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