De cavalo e espada no reino da fantasia



Os aromas confundem o olfacto, o som das gaitas de foles anuncia a chegada dos fidalgos, a palha oferece uma roupagem nova ao centro histórico. Ao fundo, nas tabernas, ouve-se o abrir da torneira do tonel, com o vinho a ser derramado nas canecas de barro. Passam os cavalos, os bobos em andas, em frente à cartomante, onde se pode ler a sina, onde se pode retirar um conselho para a vida no pote mágico.


Há flores, frutos silvestres, há sangria e dezasseis tipos de cerveja. Há arcos e flechas, há espadas e escudos, jogos tradicionais e um acampamento medieval para desfrutar de um porco no espeto, de entrecosto, de uma refeição servida numa tábua de madeira, ou uma simples sandes de presunto de porto preto.


Muitas são as associações que aderiram a este regresso ao reino da fantasia, a um universo de cavalo e espada, num evento sob a égide da Associação Comercial e Industrial do Concelho de Esposende. Os preços são convidativos. “Paga-se menos que num restaurante e existe muita animação e diversão”, defende Hélder Ventura, que amanhã à noite regressa a Braga, para voltar ao trabalho. “Não ia embora sem comer uma sandes de porco no espeto e comprar uma espada para o miúdo”, destacou.

Contas feitas, com animação e diversão grátis, um pão com chouriço (1,5 euros), um caneca de cerveja (1,5 euros), uma limonada (1 euro) para os mais novos e no final um doce tradicional (1 euro), permite a qualquer visitante trocar sem qualquer ponta de arrependimento uma ida ao restaurante. Se estiver disposto a gastar mais alguns euros e quiser fazer uma refeição devidamente sentado no acampamento medieval, à sua espera estão igualmente preços convidativos: empanadas a 3 euros, pizzas a 5, tábua de enchiços a 8 e, por fim, uma tábua de churrasco misto a 13 euros.
As espadas, os elmos, os escudos, as fisgas e os assobios são “os produtos mais procurados”, conforme constata Ana Ropero, uma das muitas galegas, que atravessou a fronteira para vender os seus produtos. “Em Espanha a crise também se sente, tal como em Portugal. A proximidade com a Galiza ainda torna esse cenário mais visível”, referiu. Então porquê atravessar a fronteira e arriscar? “A vida implica riscos. Hoje em dia este tipo de eventos atrai muita gente. Junta-se gastronomia, animação, diversão e compras num só. Não há grande dinheiro para viajar e as famílias desforram-se neste género de festas. É uma excelente maneira de terminar umas férias e, para nós, conseguirmos ganhar dinheiro”, destacou.

“Mãe! Vêm aí a rainha!”, diz uma criança em clima de enorme felicidade. “Vêm de andas, meu filho. Não é só a rainha. São também os cavaleiros”, assume a mãe. Conversas típicas de pais e filhos, com o imaginário universo da época medieval a deixar encantados os mais novos, enquanto que os mais velhos vão olhando para os stands de venda à procura de objectos que lhe tragam à memória a infância e também uma ou outra peça de vestuário ou adereços, que permitam fazer um sucesso na festa de final de férias, nesta última recta de Verão, que ainda promete ser quente. A olhar para a Feira Medieval de Esposende, a festa na corte minhota parece que vai mesmo continuar...

02-09-2012 - Correio do Minho

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